
Podemos dizer que a meditação está na moda novamente. O que é algo estranho de se colocar, pois as práticas meditativas, originárias da Índia, já têm uma história de mais de seis mil anos. Da Índia foi para China, Japão e, em algum momento, espalhou-se pelo ocidente.
Sempre existiram momentos de aproximação e afastamento entre as culturas orientais e ocidentais. Lembrando de cabeça, sem nenhum rigor histórico, lembro que Alexandre, quando expandiu o seu império às portas do subcontinente indiano, assimilou vários elementos da cultura oriental à cultura grega. Depois, na Idade Média, os cruzados quebraram o imobilismo feudal em suas tentativas de conquistar a Terra Santa. As viagens de Marco Polo à China, assim como as rotas marítimas para o Oriente, botaram a Europa novamente em contato com esses elementos culturais.
A última que me vem à cabeça é o movimento hippie nas décadas de 1960 e 1970. O que era algo de fato underground, ligado a círculos muito restritos, ganhou proporções de fenômenos de massa. Ioga, tai chi e diversas outras práticas se tornaram quase comuns em grande parte do mundo ocidental. Eventualmente com algum conflito, como se pode ver na série Wild Wild Country, mas em geral houve uma boa assimilação. É evidente que grande parte das pessoas permanece cética a esse respeito, mas algumas resolveram pesquisar o que poderia justificar o efeito dessas práticas, ou não.
Aquilo que chamamos de meditação é uma série de práticas que tem como finalidade estabelecer uma situação de concentração profunda e autoconsciência, geralmente associada a exercícios posturais e respiratórios. Com essa história tão longa é evidente que existam diversas vertentes, em geral ligadas a preceitos religiosos, mas na prática há pouca variação entre elas. Como me disse um professor certa vez: “Meditar é sentar e ficar quieto”. E por mais que pareça meio besta, só quando a gente tenta que percebe que é relativamente complicado. Porque o corpo senta, mas a cabeça não para. Aí que entra a tal da técnica, para fazer com que a cabeça vá aquietando também.
O que a ciência ocidental fez foi padronizar tudo com o nome de mindfulness, de modo que os estudos sejam mais facilmente comparáveis, além de dar um apelo comercial maior para aqueles que possam ter alguma aversão a orientalismos. E os resultados são, de fato, surpreendentes.
As conclusões mostram eficácia em diversos quadros de doenças mentais (ansiedade, depressão) ou tabagismo. Mesmo em questões difíceis de se abordar, como a prevenção do suicídio, houve evidência positiva na eficácia de mindfullness.
Estudos de imagem mostram que mesmo um processo breve de oito semanas de mindfulness pode causar alterações estruturais em regiões cerebrais de maior importância, como o córtex pré-frontal, a ínsula e o hipocampo; percebe-se um aumento no volume dessas regiões. Em outras palavras, o cérebro fica “marombado”.
É um pouco assustador para nós médicos imaginar que um exercício de poucos minutos diários possa modificar não só o funcionamento como a própria forma do cérebro, um órgão que, em princípio, só vai atrofiando e piorando sua função ao longo dos anos. Não é por acaso que o mercado de meditação nos EUA movimente uma fortuna, havendo, inclusive, uma série de aplicativos para ajudar na prática de meditação e relaxamento.
Isso sem falar nos benefícios físicos, como controle de doenças cardiovasculares, dores crônicas e doenças inflamatórias. Parece que a moda dessa vez vai demorar para passar.
Autor: Luiz Sperry
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